Emergência arritmogênica: o que fazer antes de chegar ao hospital.

As arritmias cardíacas ou alterações no ritmo do coração variam de “incômodas” a potencialmente letais. Quando uma arritmia causa perda de consciência, falta de pulso ou colapso, cada minuto conta. 

Este guia prático explica o que fazer antes de chegar ao hospital. Primeiros passos, intervenções que salvam vidas e o que preparar para a entrada do paciente na rede de emergência arritmogênica.

Atenção: este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de suspeita de emergência, acione imediatamente o serviço de emergência local.

Como reconhecer uma emergência arritmogênica?

Algumas arritmias são desconfortáveis, outras são sinal de risco imediato. Procure pelos seguintes sinais de alerta:

  • Perda de consciência súbita ou desmaio sem recuperação rápida;
  • Pessoa inconsciente, sem resposta, não respira normalmente ou respira de forma agonizante;
  • Pulso ausente (se você é um profissional que sabe checar) ou se houver colapso súbito;
  • Palpitações extremas acompanhadas de tontura intensa, sudorese fria, dor torácica, náusea ou falta de ar;
  • Confusão mental súbita ou fraqueza em um lado do corpo (pode indicar evento isquêmico secundário).

Se houver qualquer dúvida sobre a gravidade, trate como emergência até prova em contrário. 

Quando em dúvida, telefone primeiro. No Brasil, o SAMU é acionado pelo número 192.

Passo a passo: o que fazer nos primeiros minutos.

1) Segurança da cena

Antes de tudo: assegure que o local é seguro para você e para a vítima. Verifique risco elétrico, de trânsito, objetos cortantes, fogo, etc. Não se coloque em perigo.

2) Acionar o serviço de emergência imediatamente

Peça para alguém ligar para o serviço de emergência (SAMU 192 no Brasil). Dê endereço completo, ponto de referência e descreva rapidamente: “Pessoa inconsciente, sem respiração, sem pulso, possível parada cardíaca.” 

Isso agiliza o envio de recursos adequados.

3) Verificar responsividade e respiração

  • Chame a pessoa em voz alta e dê um leve tapa nos ombros;
  • Se não houver resposta e a pessoa não estiver respirando normalmente, comece RCP (ressuscitação cardiopulmonar) imediatamente. A orientação internacional é iniciar compressões torácicas de alta qualidade sem demora.

4) Começar compressões torácicas (RCP)

  • Posição: pessoa deitada de costas em superfície firme;
  • Mãos: uma sobre a outra no centro do tórax (linha entre os mamilos);
  • Profundidade: comprimir cerca de 5 a 6 cm em adultos;
  • Frequência: 100 a 120 compressões por minuto (o ritmo de “Stayin’ Alive” ou de músicas com 100 a 120 BPM ajuda a manter a cadência;
  • Relação compressão e ventilação (se você foi treinado para respirar): 30 compressões e 2 ventilações. Caso não tenha treinamento, faça compressões contínuas (apenas com as mãos) até a chegada do socorro.

5) Usar o DEA/AED se disponível

Se houver um DEA/AED (desfibrilador externo automático) por perto, peça para alguém buscá-lo enquanto você realiza compressões. O DEA analisa o ritmo e orienta verbalmente se é necessário choques. 

O Dr. Cidio Halperin ressalta que a desfibrilação precoce aumenta muito as chances de sobrevivência. Cada minuto de atraso reduz significativamente a probabilidade de sobrevivência em casos de fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso.

E se a pessoa estiver consciente: o que fazer?

Nem toda arritmia leva à perda de consciência. Se a pessoa estiver consciente, mas com palpitações fortes, tontura ou falta de ar:

  • Faça-a sentar ou deitar em posição confortável, de preferência com a cabeça elevada (para aliviar dispneia), ou deitada com pernas levemente elevadas se houver tontura;
  • Afrouxe roupas apertadas, como colarinho e cinto;
  • Mantenha a calma e converse para avaliar evolução dos sintomas;
  • Se já houver diagnóstico prévio de arritmia e houver instrução médica específica (por exemplo, manobra vagal para taquicardia supraventricular em pacientes orientados), siga o plano previamente combinado apenas se você foi treinado e orientado pelo médico. Não tente manobras arriscadas sem supervisão;
  • Se a pessoa piorar (desmaio, perda de consciência, respiração anormal), ative o serviço de emergência e inicie RCP.

Informações que ajudam o socorro a chegar mais rápido e tratar melhor

Ao ligar para o serviço de emergência, tenha estas informações à mão, pois elas fazem diferença:

  • Idade e sexo da vítima;
  • Estado de consciência e respiração (respira? responde?);
  • Se a pessoa tem histórico de arritmia diagnosticada, portador de marcapasso ou cardiodesfibrilador implantável (CDI);
  • Medicações em uso. Por exemplo, anticoagulantes ou antiarrítmicos;
  • Alergias relevantes;
  • Evento desencadeante conhecido, como queda, choque ou ingestão de medicamentos.

Se possível, leve uma lista de medicamentos, exames recentes (ECG) e documentos pessoais ao hospital. Isso acelera a avaliação especializada.

Segurança do cuidador e limites da intervenção doméstica

  • Não administre medicamentos para outra pessoa, a não ser que sejam prescritos e que você saiba como fazê-lo. Por exemplo, nitroglicerina sublingual prescrita ao paciente;
  • Evite deslocamentos precipitadamente. Se a pessoa está instável, chame o serviço de emergência em vez de tentar transporte improvisado;
  • Se estiver disponível e treinado, ofereça RCP/AED. Caso contrário, siga as instruções do atendente do serviço de emergência por telefone até a chegada da equipe.

Por que a chegada precoce da desfibrilação faz diferença?

Para arritmias que causam fibrilação ventricular ou taquicardia ventricular sem pulso, a única intervenção que reverte o ritmo com chance real de sobrevida é a desfibrilação elétrica. 

Estudos e diretrizes mostram que a probabilidade de sucesso cai a cada minuto que passa sem choque eficaz. Por isso a corrida pelo AED e o início imediato de compressões torácicas combinam-se para manter o paciente vivo até a desfibrilação.

Checklist rápido para emergências arritmogênicas (guarde esta lista)

  • Verifique segurança da cena;
  • Avalie responsividade e respiração;
  • Acione o serviço de emergência (SAMU 192 no Brasil);
  • Inicie compressões torácicas de alta qualidade se a pessoa estiver inconsciente e sem respiração normal;
  • Traga e ative um AED e siga as instruções;
  • Anote histórico, medicações e qualquer diagnóstico prévio para entregar à equipe de resgate.

Após a estabilização: o que esperar no hospital?

No pronto-socorro, a equipe fará monitorização contínua (ECG), administração de oxigênio e medicamentos. Quando necessário, a equipe do hospital pode fazer cardioversão elétrica ou tratamentos invasivos. 

Investigações posteriores incluem ecocardiograma, exames de sangue para busca por marcadores cardíacos e eletrólitos, e estudo eletrofisiológico quando indicado. 

Diretrizes clínicas e protocolos hospitalares determinam o melhor caminho terapêutico para cada caso.

Se quiser orientação personalizada, avaliação de risco arritmogênico ou um plano de emergência individualizado, marque uma consulta com o Dr. Cídio Halperin para preparar você e sua família para agir com segurança quando cada minuto importa.

Emergências arritmogênicas

Clínica Cidio Halperin

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Porto Alegre/RS