O coração bate graças a sinais elétricos que dizem aos músculos quando contrair. Às vezes, esses “avisos” ficam confusos, e é o que chamamos de arritmia.
Os antiarrítmicos são remédios que ajudam a regular esses sinais elétricos. Podem fazer o coração bater mais devagar, evitar que ele bata de maneira irregular ou impedir que arritmias voltem a acontecer.
Neste post, vamos falar sobre quando usar antiarrítmicos, seus benefícios e efeitos colaterais.
Quando um médico pode indicar um antiarrítmico?
Aqui estão as situações mais comuns em que um médico pode propor esses remédios:
Fibrilação atrial (FA)
Quando o coração bate de forma irregular e rápida. Em alguns casos, o objetivo é tentar trazer o ritmo de volta ao normal (ritmo sinusal). Em outros, apenas controlar a frequência. Antiarrítmicos podem ser usados para manter o ritmo normal.
Taquicardias supraventriculares (paroxísticas)
São ataques de taquicardia que aparecem de forma súbita e depois param. Se forem frequentes e incomodarem, medicamentos como flecainida ou propafenona podem ser opção.
Taquicardias ventriculares
Quando a arritmia vem do ventrículo e é perigosa, medicamentos como a amiodarona podem ser usados, principalmente enquanto se prepara outra intervenção (como implante de dispositivo ou ablação).
Controle de sintomas
Alguns remédios como betabloqueadores e bloqueadores de cálcio ajudam a controlar a frequência cardíaca e os sintomas, mesmo quando não curam a arritmia.
Segundo o Dr. Cidio Haperin, a decisão sempre considera os riscos, benefícios e alternativas. Por isso é tão importante conversar com seu cardiologista.
Principais remédios e o que você precisa saber sobre cada um
O remédios mais usados são:
- Amiodarona: muito eficaz para várias arritmias. É útil quando outras opções falham. Mas podem afetar pulmões, tireoide, fígado e até olhos. Por isso demanda acompanhamento médico e exames de rotina regulares;
- Sotalol: ajuda a controlar o ritmo e tem efeito de beta-bloqueador. Pode alongar um eletrocardiograma chamado QT. Isso, em casos raros, pode provocar uma arritmia grave. Normalmente se inicia com monitorização do ECG;
- Flecainida / Propafenona: funcionam bem para algumas arritmias supraventriculares. Não são recomendadas para quem tem cicatriz no coração , por exemplo, após infarto. Isso porque podem provocar arritmias perigosas nesses casos;
- Beta-bloqueadores, como o metoprolol. São boas opções para controlar a frequência e sintomas como palpitação e cansaço. Geralmente bem tolerados;
- Bloqueadores de cálcio como o diltiazem e o verapamil. São usados para reduzir a frequência cardíaca em pessoas com fibrilação atrial. Também são bem tolerados na maioria dos casos.
Efeitos colaterais: o que vigiar?
Todo remédio traz benefícios e riscos. Aqui estão os efeitos que os pacientes mais precisam conhecer:
- Cansaço, tontura, falta de ar podem ocorrer com vários antiarrítmicos;
- Bradicardia (batimento muito lento),especialmente com beta-bloqueadores e amiodarona;
- Problemas na tireoide. A amiodarona pode causar hipotireoidismo (tireoide lenta) ou hipertireoidismo (tireoide acelerada);
- Tosse e falta de ar persistente podem ser sinais de toxicidade pulmonar pela amiodaron;
- Alterações no fígado: alguns remédios podem elevar enzimas hepáticas;
- Prolongamento do QT: um achado no ECG que, em casos raros, pode levar a arritmias graves. É mais associado ao sotalol e a interações com outros medicamentos;
- Interações com outros remédios: alguns antiarrítmicos mudam a forma como outros remédios funcionam, por exemplo, anticoagulantes, estatinas. Sempre diga ao seu médico tudo o que toma.
Se sentir qualquer sintoma novo como tontura intensa, desmaio, falta de ar que piora, palpitações fortes, visão alterada), procure atendimento.
Como o seu médico faz o acompanhamento (monitorização)?
Para reduzir riscos, o cardiologista pede exames antes e durante o tratamento. O plano pode incluir:
- ECG (eletrocardiograma): antes de começar e em intervalos, para checar ritmo, presença de bloqueios e o chamado QT;
- Exames de sangue: função renal, fígado, eletrólitos (potássio, magnésio) e, no caso da amiodarona, função da tireoide (TSH);
- Ecocardiograma: avalia a estrutura do coração e é importante antes de alguns medicamentos (como flecainida);
- Monitorização inicial em ambiente hospitalar: alguns medicamentos (por exemplo, sotalol) podem ser iniciados com observação em hospital para medir a resposta e evitar riscos;
- Reavaliações clínicas regulares: o médico quer saber como você se sente, se houve sintomas novos ou interação com outras medicações.
Seguir as orientações de acompanhamento é tão importante quanto tomar o remédio.
O que fazer em caso de problemas
Procure o serviço de emergência se ocorrerem sintomas preocupantes, como tontura súbita, desmaio, palpitações muito intensas, falta de ar progressiva.
Para sinais mais sutis como tosse crônica, cansaço novo, tremores, perda de peso sem explicação), marque retorno com seu cardiologista para avaliar se o remédio precisa ser ajustado ou trocado.
Dicas práticas para pacientes
- Leve sempre nas consultas uma lista atualizada dos remédios que toma;
- Não pare o remédio por conta própria sem falar com o médico, pois algumas drogas precisam de retirada gradual;
- Informe o cardiologista sobre outros problemas como doença renal, problemas na tireoide, histórico de infarto;
- Se estiver grávida ou planejando gravidez, avise o médico, pois alguns antiarrítmicos não são seguros na gestação;
- Mantenha troca de mensagens ou retornos marcados conforme orientação para exames de controle.
Se você tem palpitações, episódios de desmaio, falta de ar ou já recebeu indicação de usar antiarrítmicos, agende uma consulta com o Dr. Cídio Halperin para revisar seu caso, esclarecer dúvidas sobre medicação e montar um plano seguro de tratamento e monitorização.
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