Pressão baixa e batimentos rápidos: o que o corpo está tentando dizer?

Sentir a pressão baixa e batimentos rápidos é uma experiência inquietante. Muitas pessoas descrevem tontura, fraqueza, sudorese ou aquela sensação de que o coração vai sair pela boca.

Pressão baixa com batimentos rápidos é uma combinação relativamente comum e pode ser interpretada tanto como resposta compensatória simples ou sinal de doenças que precisam ser tratadas. 

O médico vai precisar avaliar contexto, sinais de gravidade e investigar mais a fundo quando os episódios são frequentes ou intensos. 

A boa notícia é que a maioria dos casos tem uma explicação tratável, quando identificada corretamente.

O que significa ter pressão baixa e batimentos rápidos?

Pressão baixa ou hipotensão refere-se a leituras de pressão arterial mais baixas do que o habitual da pessoa, que podem causar sintomas. Já os batimentos rápidos são a taquicardia, um aumento da frequência cardíaca. 

A taquicardia, por si só, pode ser tanto uma resposta normal ou um sinal de arritmia. 

Se a pressão cai, o coração pode acelerar para manter o fluxo de sangue para órgãos vitais. Essa aceleração é muitas vezes uma reação de proteção, mas pode também revelar problemas subjacentes.

Causas mais comuns 

Desidratação, perda de sangue, febre ou medicações que baixam a pressão podem provocar queda da pressão com aumento da frequência cardíaca. Nestes casos, o corpo aumenta os batimentos para manter o suprimento de sangue.

Outra situação comum é a hipotensão postural, a queda da pressão ao levantar que causa taquicardia intensa ao ficar em pé e sintomas devido a uma queda da pressão arterial.

Entre as causas mais graves estão as arritmias que impedem o bombeamento eficiente do coração, choque séptico, hemorragias internas ou problemas endócrinos. Nesses casos, você precisa procurar um cardiologista imediatamente.

O que é POTS?

POTS é a sigla para Síndrome da Taquicardia Postural Ortostática. 

É uma condição em que a frequência cardíaca sobe de forma exagerada ao ficar em pé, acompanhada de sintomas como tontura, fraqueza, palpitações e sensação de desmaio iminente, sem que a pressão caia proporcionalmente.

O que acontece no corpo?

Quando uma pessoa saudável se levanta, parte do sangue desce para as pernas. O corpo responde apertando os vasos e aumentando um pouco os batimentos para manter a circulação.

No POTS, essa adaptação não funciona bem. Como resultado, os batimentos sobem demais, geralmente +30 bpm em até 10 minutos após levantar, e surgem sintomas.

Sintomas mais comuns:

  • Aceleração da frequência do coração mesmo em repouso (mais de 100 bpm)
  • Tontura ao ficar em pé;
  • Palpitações;
  • Fadiga intensa;
  • Intolerância ao calor;
  • Enjoo;
  • Névoa mental (dificuldade de concentração);
  • Fraqueza nas pernas.

Os sintomas melhoram ao deitar, o que é uma pista importante.

Quem costuma ter?

É mais comum em mulheres jovens, mas pode acontecer em qualquer idade. Muitas vezes surge após infecções virais, desidratação crônica, alterações hormonais ou longos períodos acamado.

É grave?

Não costuma ser uma condição que ameaça a vida, mas pode atrapalhar muito a qualidade de vida se não for tratada.

Como é tratado?

O tratamento é multifatorial, geralmente incluindo:

  • aumento da ingestão de água e sal (quando indicado);
  • exercícios físicos progressivos;
  • meias de compressão;
  • mudanças de postura (levantar devagar);
  • medicamentos específicos em alguns casos;
  • Em raros casos, até mesmo tratamentos via catéter pode ser necessário.

O plano é sempre individualizado por um cardiologista ou especialista em disautonomia.

Quando você precisa investigar?

Episódios curtos, sem perda de consciência e sem dor no peito costumam ser menos alarmantes.

Por outro lado, procure um cardiologista se ocorrer desmaios, dor torácica, falta de ar, confusão, sudorese fria, sangue nas fezes ou vômito ou se os episódios forem frequentes e atrapalharem a vida diária. 

Esses sinais aumentam a probabilidade de uma condição que exige tratamento urgente.

Como o médico investiga: exames e raciocínio clínico.

O ponto de partida é a história clínica detalhada: 

  • quando começou;
  • situações desencadeantes;
  • medicamentos em uso;
  • sintomas associados. 

O exame físico foca em sinais de perfusão (pele, consciência), ausculta cardíaca e medidas de pressão em posições diferentes.

Exames complementares comuns incluem eletrocardiograma (ECG) para avaliar arritmias, hemograma e eletrólitos para checar anemia ou desequilíbrios, exames hormonais quando indicado e monitorização ambulatorial do ritmo (Holter). 

Em casos de desmaio recorrente ou suspeita de intolerância ortostática, o teste de inclinação (tilt-table) ajuda a reproduzir e documentar a resposta de pressão arterial e ritmo cardíaco frente a movimentos de levantar rápido depois de estar deitado.

Manejo inicial: o que você pode fazer em casa.

Se o episódio for leve e com causa identificada (por exemplo, desidratação), medidas simples ajudam: 

  • deitar com as pernas elevadas;
  • hidratar com água ou soluções salinas;
  • evitar levantar-se rápido;
  • ajustar medicações que possam causar queda de pressão é uma medida importante, sempre feita com orientação médica.

Não tente se automedicar com remédios para o coração sem orientação. Alguns fármacos podem piorar a pressão ou a arritmia. 

Se houver perda de consciência ou sintomas graves, procure uma emergência imediatamente. 

Tratamentos médicos e estratégias de longo prazo

O tratamento depende da causa: 

  • se houver desidratação, repor líquidos e sais;
  • para POTS, orientações sobre aumentar ingestão de sal e água, uso de meias compressivas e exercícios específicos costumam ser eficazes;
  • em arritmias ou causas cardíacas, terapias específicas com medicação, ablação ou dispositivos podem ser necessárias.

Além disso, revisão de medicamentos que baixam a pressão, controle de doenças crônicas, como anemia, infecções, disfunção endócrina, e programas de reabilitação cardíaca costumam ajudar no longo prazo. 

Casos especiais: atletas, idosos e gestantes.

Atletas bem condicionados podem apresentar frequência cardíaca basal baixa e variações maiores. Entretanto, sintomas como tontura ou desmaio não devem ser ignorados. 

Já idosos têm maior risco de hipotensão postural e efeitos colaterais de medicamentos, por isso a investigação tende a ser mais abrangente. 

Gestantes podem ter alterações hemodinâmicas fisiológicas, mas sintomas intensos precisam de avaliação obstétrica e cardiológica imediata.

Quando ir ao pronto-socorro: sinais que não podem esperar.

Procure atendimento imediato se houver: 

  • desmaio com trauma;
  • dor no peito,
  • falta de ar marcante
  • confusão;
  • fraqueza de um lado do corpo;
  • sudorese fria;
  • sinais de choque (pele pálida, pele fria, respiração rápida). 

Esses sintomas indicam problemas que ameaçam a vida e exigem intervenção urgente.

Como se preparar para a consulta com o cardiologista?

Anote detalhes dos episódios (quando, quanto duraram, o que estava fazendo), medicações, doenças prévias e sinais associados. 

Leve exames recentes, e, se conseguir, faça um registro de medição doméstica de pressão e pulso. Isso ajuda o médico a traçar mais rapidamente um plano diagnóstico.

Procure sempre levar um familiar ou amigo que já tenha presenciado um episódio,  muitas vezes observações fornecidas por terceiros são importantes.

Se você tem episódios de pressão baixa acompanhada de taquicardia, tontura recorrente ou perda de consciência, agende uma consulta com especialista como o Dr. Cídio Halperin para avaliação cardiológica específica para seu problema.

Clínica Cidio Halperin

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Porto Alegre/RS