Calor e desidratação criam um ambiente que desencadeia ou piora arritmias, especialmente em pessoas com doença cardíaca prévia.
Neste post, entenda quais mecanismos e sinais devemos observar, quem tem maior risco e o que fazer para prevenir episódios. Além de orientações práticas e quando procurar o cardiologista.
Por que o calor muda o comportamento do coração?
Quando a temperatura externa aumenta, o corpo faz várias adaptações para tentar manter a temperatura interna estável. Os vasos sanguíneos da pele se dilatam e o coração precisa bombear mais sangue para permitir a perda de calor por sudorese e irradiação.
Esse ajuste eleva a frequência cardíaca e pode reduzir a pressão arterial relativa, forçando o coração a trabalhar mais. Em pessoas vulneráveis, esse esforço adicional pode precipitar ritmos anormais.
A desidratação é uma consequência comum do calor. Menos água no corpo reduz o volume de sangue circulante, o que pode provocar taquicardia (coração acelerado) para compensar a menor perfusão. Portanto, calor e queda do volume intravascular atuam juntos para desestabilizar o ritmo cardíaco.
A conclusão é simples, o calor aumenta a demanda sobre o coração e a desidratação diminui os recursos do corpo para responder a tal demanda. Essa combinação favorece arritmias.
Desidratação, eletrólitos e arritmias: a relação bioquímica.
A sudorese intensa e a perda de líquidos alteram os eletrólitos, que são os sais como potássio, sódio e magnésio, responsáveis pela condução elétrica do coração.
Mesmo pequenas variações nesses íons podem alterar a forma como as células cardíacas disparam sinais elétricos, facilitando arritmias. Em termos práticos, perdas de potássio e magnésio podem provocar palpitações e ritmos ventriculares ou supra-ventriculares.
Além disso, a desidratação deixa o sangue mais viscoso e aumenta a tendência à formação de coágulos. A desidratação também provoca desequilíbrios hormonais e inflamatórios que, a médio prazo, também afetam o coração.
Quem tem maior risco?
Nem todo mundo reage igual ao calor. As pessoas com maior risco incluem idosos, portadores de insuficiência cardíaca, doença coronária, hipertensão avançada, e quem usa certos medicamentos, como diuréticos, alguns anti-hipertensivos e antipsicóticos.
Aparelhos implantáveis, como desfibriladores, podem registrar aumento de eventos durante ondas de calor, o que reforça que pacientes com história de arritmia demandam atenção extra.
Medicamentos que alteram a eliminação de água e sais, como diuréticos, elevam o risco porque tornam a pessoa mais suscetível à desidratação e às alterações eletrolíticas.
Quais sinais e sintomas observar?
Sinais que merecem atenção imediata:
- palpitações intensas ou persistentes;
- sensação de coração batendo forte;
- tontura;
- desmaio;
- dor no peito;
- falta de ar;
- sudorese fria;
- confusão mental.
Nem toda palpitação é arritmia séria, mas quando vier acompanhada de sintomas alarmantes, procure atendimento.
Observe e anote quando os sintomas aparecem. Por exemplo, após esforço, após exposição prolongada ao sol ou ao acordar desidratado. Isso ajuda o médico a identificar a causa.
O Dr. Cídio Halperin destaca que, se houver instabilidade como perda de consciência, chame emergência. Sintomas associados ao calor não devem ser ignorados, e sinais de alarme exigem avaliação imediata.
Como prevenir: medidas práticas e realistas.
A prevenção começa com medidas simples. Hidratação abundante e regular, evitar exposição direta nas horas mais quentes do dia, roupas leves, ar-condicionado ou ambientes frescos quando possível, e moderação no esforço físico em dias muito quentes.
Pacientes que usam diuréticos ou outros medicamentos para controle de pressão arterial devem sempre conversar com o médico sobre ajustes e monitorização.
Todas das Sociedades Mundiais de Cardiologia recomendam atenção especial a populações vulneráveis e revisão medicamentosa antes de ondas de calor.
O que fazer na hora: primeiros passos se surgirem palpitações no calor.
Se você sentir palpitações ou taquicardia durante exposição ao calor, pare a atividade imediatamente.
Mova-se para um local fresco, sente-se ou deite com as pernas elevadas se estiver tonto e reponha líquidos se estiver suando muito, com água ou solução de reidratação. Evite bebidas muito açucaradas ou alcoólicas, pois elas podem piorar o quadro.
Se os sintomas não cessarem em poucos minutos ou se houver dor torácica, desmaio ou falta de ar intensa, procure atendimento médico urgente. Em casos graves a reposição venosa e correção de eletrólitos podem ser necessárias.
Saiba que agir rápido para reduzir estresse térmico e hidratar o paciente pode impedir que a arritmia se agrave.
Como o cardiologista avalia e trata arritmias relacionadas ao calor
O médico fará uma história clínica detalhada, exame físico e exames complementares:
- eletrocardiograma (ECG);
- monitorização prolongada (Holter) se necessário;
- exames de sangue para checar eletrólitos;
- função renal;
- marcadores cardíacos;
- além de avaliar medicações.
O tratamento varia desde ajuste de fluidos e reposição de eletrólitos até alterações de esquema medicamentoso, e, quando indicado, procedimentos específicos para controlar ritmos perigosos, como cardioversão, ablação ou ajuste de dispositivos.
Calor, desidratação e responsabilidade pessoal.
Calor e desidratação são gatilhos reais e preveníveis para alterações do ritmo cardíaco. A ciência mostra que ondas de calor aumentam a carga sobre o sistema cardiovascular e podem favorecer arritmias, especialmente quando combinadas com perda de líquidos e eletrólitos.
Manter-se hidratado, evitar exposição excessiva, revisar medicações e buscar orientação médica ao primeiro sinal de alarme são atitudes práticas que salvam vidas.
Precisa de avaliação? Agende com um especialista
Se você tem episódios de palpitação relacionados ao calor, marque uma avaliação preventiva antes do próximo verão com especialista como o Dr. Cídio Halperin.
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